Museu da Pessoa

Medalhista olímpico

autoria: Museu da Pessoa personagem: Carlos Gastaldoni

BNDES 50 anos de história
Depoimento de Carlos Gastaldoni
Entrevistado por Bárbara Tavernard Thompson
Rio de Janeiro, 12 de abril de 2002.
Realização Museu da Pessoa
Entrevista BND_CB035
Entrevistado por Fernanda Regina

P/1 - Boa tarde.

R - Boa tarde.

P/1 - Qual é o seu nome, local e a data do seu nascimento?

R - Meu nome é Carlos Gastaldoni, eu nasci.... A data também você quer saber?

P/1 – Sim, por favor?

R - Nasci em no dia 11 de abril de 1952, em Londres, na Inglaterra.

P/1 - Nossa, que interessante, mas você é brasileiro, não é?

R - Sou brasileiro, pais brasileiros. Meu pai era adido militar na Inglaterra, quando eu nasci. Aliás, eu fui concebido no Brasil, nasci na Inglaterra.

P/1 - Tá certo. E você viveu quantos anos na Inglaterra?

R - Dois anos.

P/1 - Dois anos. Mas você aprendeu a falar inglês?

R - Não, eu vim de lá, chorava, falava português e espanhol, que a minha babá era espanhola.

P/1 - Como e quando se deu seu ingresso no BNDES?

R - Eu ingressei no BNDES em 1975, como estagiário. Foi concurso de estagiário, passei para adestrando e, só depois, numa terceira etapa, é que eu passei a ser técnico normal do BNDES.

P/1 - Mas você também me disse, quando você entrou no BNDES, o que aconteceu? Qual era esse momento? Em que ano foi isso?

R - Não, eu entrei em 1975, mas a parte interessante, quer dizer, no começo da minha vida do BNDES, nós tínhamos um vínculo com o esporte muito grande, então foi um momento delicioso, porque nós tínhamos o time que jogava voleibol em quadra, tinha um time do futebol, tinham as olimpíadas que eram muito famosas, tinha um pessoal de vôlei de praia. Então, era um ambiente fantástico. Você tinha uma integração fantástica com as pessoas, a gente saía do jogo, ia tomar chope, contava as histórias pessoais, as histórias do trabalho. Então, foi umas época de intensa integração entre as pessoas, através do esporte. Assim, é uma coisa que é muito marcante para mim, aqui, no BNDES.

P/1 - Você chegou a ganhar alguma medalha nas olimpíadas?

R - Ganhei várias, eu era bom nesse negócio. Eu estudei no colégio militar, então nós tínhamos um preparo esportivo muito grande. Para você ter uma idéia, eu ganhei uma medalha de judô, sem nunca ter lutado judô na minha vida. Só para entender mais ou menos como é que é. Então, as olimpíadas têm esses fatos engraçados, né?

P/1 - Foi uma medalha de ouro?

R - Não, de prata, não chegou a tanto, mas foi legal.

P/1 - E... Bom, e há quanto tempo, então, você trabalha no BNDES?

R - Bom, já tem 26 anos, né? Eu comecei minha carreira aqui, no Banco, como estagiário, estou aqui até hoje. Então, são 26 anos.

P/1 - E você deve ter passado por várias áreas? Qual delas você considera mais importante?

R - Olha, eu não passei por muitas áreas, não. A minha carreira aqui, no Banco, eu sou engenheiro metalúrgico, e eu entrei no banco trabalhando na área de metalurgia e, praticamente, durante 20 anos trabalhei nessa área. Então, assim, eu fui muito conhecido como o homem do BNDES de siderurgia. Então, 20 anos, eu trabalhei muito centrado em metalurgia e siderurgia, só recentemente que eu vejo superintendente de uma área com outros setores.

P/1 - Nessa área de siderurgia, o Banco tem um papel super importante. Você podia falar, um pouquinho, dessa sua área?

R - Eu posso falar um pouquinho, que na verdade tem outras pessoas que tomam conta disso hoje. Mas foi... É um setor muito forte, ele é importante para o país. É um setor que é altamente exportador, setor que o Brasil é muito competitivo. É um segmento que eu acho que foi super importante o apoio do Banco em todos esses anos porque o Banco teve um apoio imenso, tanto na modernização como na expansão do setor. Então, eu acho que, hoje, o Brasil é extremamente competitivo, é exportador e o apoio do Banco foi fundamental nesse processo, porque teve uma segunda etapa de reestruturação do setor, que houve um reagrupamento das empresas, mas assim, todas as usinas existentes no país praticamente tiveram apoio financeiro do BNDES, tanto para modernizar quanto para expandir. Então, eu acho que é marcante a atuação do Banco no setor siderúrgico.

P/1 - E, hoje, a indústria siderúrgica brasileira _______________________. (gravação muito baixa)

R - É, quer dizer... Não, é excelente. Tem uma etapa interior, quer dizer, que no fim desse processo, nós participamos muito da privatização do setor, que é uma etapa fantástica também. Talvez seja o setor onde o modelo de privatização tenha sido melhor implantado porque o setor,

hoje em dia, o setor compete com igualdade de condições e melhor. Está numa posição privilegiada e tem problemas, como você falou, que são interessantes, que são problemas mais de comércio internacional. Mas que se você fosse discutir competitividade, qualidade, coletividade, a nossa siderurgia estaria numa posição bastante boa, a nível mundial, a nível global.

P/1 - Tem algum projeto que você gostaria de destacar dentro dessa área de siderurgia que você trabalhou?

R - Olha, eu posso dizer que conheço todas as usinas do país, mas eu já estou a cinco anos trabalhando em uma outra área, uma área que tem diversos segmentos diferentes. Então, se tivesse que destacar algum, eu preferia até sair da minha área de origem e colocar alguma coisa, tipo agroindústria, que eu trabalho hoje. Porque os projetos que eu participei, a característica era um setor assim, muito intensivo em calor, em som, é um negócio agressivo e, nos últimos cinco anos, eu estou trabalhando numa área que tem outros setores. Então, é curiosa a diferença. Se a gente pegar, por exemplo, a agroindústria, o setor da minha área, eu participei de análises de viagens, aonde... Por exemplo, o lugar que nós dormíamos, era uma casa de fazenda e enfestada de aranhas enormes. Era um negócio horroroso para você participar, né? E outra coisa, por exemplo, nesse mesmo tipo de viagem, você, para fugir das aranhas, você sai caminhando no meio do mato, senta num banquinho na beira de um rio, no meio de uma floresta, com uma lua maravilhosa, que era um ambiente totalmente diferente. Então, eu acho que é marcante também, me marca muito essa mudança de atuação no Banco.

P/1 - Essas viagens acontecem muita coisa legal e muitas histórias, né? Tem alguma?

R - Tem. Não, tem muitas histórias, mas eu acho que as pessoas vão contar, que eu prefiro que o próprio interlocutor conte a história.

P/1 - Não, mas você não citou também uma história, conversando de um japonês que tinha inventado um helicóptero?

R - Não, não foi minha essa história não. Eu não vou entregar. Olha, tem... Eu até volto aqui, se alguma das histórias que eu conheço não aparecerem.

P/1 - Não, eu acho que você deveria contar pelo menos mais uma?

R - (risos)

Essa história acho que vai aparecer, mas então eu vou te resumir, vou te resumir o que uma história curiosa de um grupo de trabalho, visitando uma empresa também no meio do mato, aliás era até setor metalúrgico, mas ainda no meio do interior, aonde a equipe toda da empresa e a equipe do Banco tinham que ficar numa pousada pequena com poucos quartos. E tem histórias aí que na divisão dos quartos, um dos nossos colegas de trabalho do Banco teve que dividir o quarto com um dos diretores da empresa, e conta a história, quer dizer, parece que é verdade, que houve um assédio sexual nesse quarto. Então, tem história desse tipo, que eu prefiro deixar o próprio interlocutor contar. Eu vou procurar ele e pedir para vir aqui, se apresentar.

P/1 - E essas histórias de aranhas e outras histórias de chuva e _______ ...

R - Não, tem história, quer dizer, têm muitas histórias. Mas, por exemplo, ainda na área da siderurgia, eu me lembro muito bem de uma visita nossa na implantação de um projeto na COSIPA, que é a siderúrgica lá, de São Paulo, aonde a nossa equipe foi colocada em um micro ônibus junto com a equipe da empresa também e, visitando a obra que era num terreno que tinha sido recém descampado, estava em plena infra-estrutura, o ônibus parou para a gente olhar alguma parte da obra e começou a afundar porque era um pântano. E afundou mesmo, o ônibus afundou. Nós tivemos que saltar assim, pisando na lama para chegar em um terreno sólido e tivemos que chamar um trator para... Para soltar o ônibus. Então têm histórias desse tipo, curiosas também. Você vai ouvir histórias de naufrágio, eu mesmo já naufraguei também numa outra viagem que eu fiz. Então, têm histórias curiosas aí.

P/1 - _________________________________. (gravação muito baixa)

R - Olha só, anima muito porque, hoje em dia, eu tenho quatro grandes seguimentos na minha área, que é a agroindústria, bens de consumo, complexo automotivo e comércio de serviços. Agroindústria é um setor assim, que a gente tem.... É muito gostoso de trabalhar porque você trabalha num setor onde você vê que o Brasil é extremamente competitivo. Então, você consegue identificar e apoiar investimentos que são fantásticos, porque você gera empregos, você exporta e você está fazendo uma coisa que você sabe que o país é competitivo, que a empresa vai ser boa, projetos interessantes. Então, têm projetos. Por exemplo, nós já conversamos anteriormente, tem empresas tipo... É ruim ficar especificando uma, porque todas são nossas clientes. Mas, por exemplo, o projeto da Perdigão é fantástico. Está investindo, modernizando, crescendo, exportando, gerando empregos, que são objetivos que estão totalmente dentro das dimensões estratégias do BNDES. Então, quer dizer, quando você pega um setor ou uma empresa, aonde o objetivo do financiamento do Banco vai permitir desenvolver diversas das dimensões estratégicas do BNDES, isso é uma coisa fantástica. Quer dizer, então, a gente tem prazer em fazer esse tipo de trabalho.

P/1 - Bom, acho que nós já falamos as lembranças, existe alguma lembrança marcante do seu dia-a-dia do BNDES.

R - Não, eu já falei muita coisa até, que eu não devia ter falado. (risos)

P/1 - Então, o que é o BNDES para... Eu não posso chamar você, de senhor, né? Então, para você?

R - É, isso. Olha, o Banco para mim é... Têm algumas coisas fantásticas, quer dizer, eu acho uma casa com uma ética de trabalho fantástica, entendeu? Uma coisa fantástica. O companheirismo aqui dentro é uma coisa incrível, quer dizer, a gente convive com momentos perturbados, mas sempre com companheirismo extremo, com uma ética profissional fantástica e aí eu, pessoalmente, eu não tenho dúvidas que eu sinto orgulho de trabalhar aqui. A possibilidade que nós temos de contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país é uma coisa única. Então, eu posso concluir que é fantástico trabalhar aqui.

P/1 - E o que o senhor achou de ... O que você achou de ter participado dessa entrevista e contribuído para o projeto de 50 anos do BNDES?

R - Bom, isso eu só vou poder te responder depois de eu ver como é que ficou todo o trabalho pronto. Vamos ver. (risos)

P/1 - Então, está bom, muito obrigada por ter vindo?

R - Tá ok? Obrigado vocês.