Museu da Pessoa

Em busca de voos altos

autoria: Museu da Pessoa personagem: Vitor Hugo Saito Silva

Entrevista de Vitor Hugo Saito Silva
Entrevistada por Luiza Gallo
São Paulo, 08/06/2022
Projeto: Inclusão e Diversidade - Ernst & Young
Entrevista número: PCSH_HV1214
Realizado por Museu da Pessoa
Revisado por Luiza Gallo

P/1 – Vamos lá! Vitor, super obrigada por estar aqui com a gente, um prazer enorme. E para começar, eu gostaria que você se apresentasse, dizendo seu nome completo, data e local de nascimento.



R – Bom, eu sou o Vitor Hugo Saito Silva, tenho... não, qual a pergunta, mesmo? (risos) Desculpe.

P/1 – Imagina! É o seu local de nascimento e qual cidade você nasceu.

R – E a data de nascimento, é isso?

P/1 – Isso.

R – Bom, eu nasci em São Paulo, moro em Mairiporã, tenho 27 anos e nasci em quinze de novembro de 1994.

P/1 – E te contaram como foi o dia do seu nascimento?

R – Sim, minha mãe contou. Ela estava lá em São Paulo, com meu pai, comendo num... eles já estavam pra lá, ela estava almoçando e eu nasci de tarde, na parte da tarde que eu nasci.

P/1 – Lá em São Paulo?

R – Isso.

P/1 – E você sabe mais detalhes de como foi, no hospital?

R – Eu era... eu sou o filho mais velho da minha mãe, então eu sou o primeiro netinho de todos os avós. Então, primeiro netinho da minha avó materna. Da avó paterna já tinha tido os outros dois, que são meus primos. Então, aí, minha avó estava lá, com eles também e acho que foi ela que acompanhou. Meu pai ficou de fora. Eu não lembro direito, mas acho que ele acompanhou e depois me viu lá. É, foi ele que acompanhou e minha vó ficou e depois me viu no berçário. O primeiro ‘botãozinho de rosa’, como ela dizia (risos).

P/1 – Então, você foi muito esperado pela família?

R – Sim. Já estavam ansiosos.

P/1 – E você sabe como escolheram seu nome?

R – Minha mãe gostava do autor do livro, acho que era em homenagem, alguma coisa assim, em homenagem a ele, Vitor Hugo e colocaram o sobrenome dos dois avós: Saito, da família dela e o Silva, do meu pai.

P/1 – E qual é o nome da sua mãe?



R – Rosemary Aparecida Saito.

P/1 – Como você a descreveria? O jeito dela...

R – Cinquenta anos, muito organizada, feliz, aproveita, curte os momentos que tem que curtir, trabalha, mas principalmente, o que eu mais vejo nela é felicidade e organização, muita organização.

P/1 – E da parte da sua família materna, o que você sabe da origem da sua família, dos seus avós maternos?

R – Bom, meus avós maternos, meu vô é de Caragua[tatuba], então eles vieram de lá, acabaram vindo de lá, conheceu minha vó lá, morou em Caçapava, depois morou em Mairiporã e depois mudaram para Atibaia. Agora a gente não tem mais meu vô por parte de mãe, só tem a avó, mas muito bom.

P/1 – E como é a sua relação com a sua avó, como era com seu avô?

R – Ah, era muito boa. A gente sempre estava, pelo menos com a avó materna, direto junto. Então festinhas de aniversário, a maioria eles estavam presentes. Teve festas que a gente fez lá, essas de aniversário que foram lá na casa deles, em Atibaia, era uma casa bem legal, com piscina, então a gente aproveitou bastante, quando era pequeno, todos os primos aproveitaram bastante.
P/1 – E, Vitor, como é o nome do seu pai?

R – Luiz Carlos da Silva.

P/1 – E como você o descreveria?

R – Ele também era organizado, era a estrutura da família, então eu via bastante essa situação, que ele era o ponto de controle aqui da casa, muito bom. Ele morreu aos cinquenta, então hoje eu não o tenho mais, sinto falta, bastante falta. Ele era... na questão... a gente assistia jogo junto, então convivi bastante com ele, bastante tempo.

P/1 – E dessa parte da sua família, o que você sabe dos seus avós, que recordações você tem com eles?

R – Bom, da família paterna meu vô e minha vó, acho que eram de Mairiporã mesmo, eram daqui mesmo. Depois que minha mãe veio pra cá, aos quinze, ela começou a namorar meu pai, aí ia sempre na casa da avó, estavam sempre juntos e a gente também, no Dia dos Pais, às vezes ia, passava... era dividido, então minha mãe ia pra lá, para Atibaia e meu pai ficava em Mairiporã. Aí tinha anos que a gente ia pra Atibaia e tinha anos que a gente ficava com os avós, aqui.

P/1 – E você lembra algum Dia dos Pais marcante para você?

R – Sim, teve bastante. Na casa da minha vó, principalmente. Teve um que a gente empinou pipa lá na casa da minha vó. Teve churrasco, depois empinamos pipa lá com os primos, que meus primos são um ano mais velho, só, que eu. Eu nasci em 1994 e eles são de 1995, os mais velhos. Meu tio teve três: o Mário, Henrique e o Bruno e antes teve uma menina também, Marcela, que era a mais velha de nós três.

P/1 – E você cresceu junto dos seus primos?

R – Sim, crescemos juntos, sempre juntos. Também tinha aniversários que aconteciam aqui em casa, então era tudo aqui em casa, teve Natais que a gente passou junto dos paternos, tanto dos maternos. Tanto um, quanto outro.

P/1 – E você falou que seus pais se conheceram novos. Você sabe como foi esse encontro deles?

R – Sim, minha mãe contou. Ela estava na escola, foi na época do carnaval e meu pai a pediu em namoro, eu acho que no primeiro dia de carnaval, aí ele estava esperando-a... que nem na questão que naquela época tinha muito você pedir em namoro a pessoa e ela falar: “Espera que eu vou decidir” e minha mãe já foi logo: “Sim”, não teve... ele estava esperando pra pedi-la em namoro e ficar, aproveitar os dias de carnaval e depois começar a namorar, e minha mãe logo no primeiro dia, depois já disse sim, ela já estava ‘de olho’ nele fazia tempo, eles estavam numa festa que tinha aqui no ginásio de Mairiporã, no Esporte, que tinham festas de carnavais ali, que juntavam todas as escolas, então...

P/1 – E com o que sua mãe trabalha e com que o seu pai trabalhava?

R – Minha mãe é bióloga, trabalha num hospital em Caieiras, mas antes ela trabalhou [como] concursada pública. Então, ela fez, prestou a prova, passou e antes ela trabalhava em Franco e Mairiporã, num laboratório, e agora saiu do laboratório e está no CTA, que atende o pessoal que tem HIV e toda essa situação, não é fácil. E meu pai era concursado também pela Sabesp, passou num concurso da Sabesp. Antes os dois… não sei se minha mãe ou meu pai trabalhou na Gecel, acho que minha mãe, meu pai também teve uns trabalhos antes de ir pra Sabesp. É que eu lembro mais da época da Sabesp, a gente era pequenininho, então direto estava com ele. Lá ele fez Contabilidade, então mexia com essa parte. Era muito organizado e nos últimos tempos ele era tipo gestor do pessoal lá da Sabesp. Tanto que depois que ele morreu fizeram até uma sala lá pra ele e minha mãe foi convidada para inaugurar. Então, minha mãe estava sempre nas festas da Sabesp, conhecia os amigos dele.

P/1 - E, Vitor, você comentou que Dia dos Pais, Dia das Mães, aniversários eram muito presentes na sua infância, você tem recordação. Que outros costumes têm da sua família, pensando em comida, eventos, o que mais você se recorda, da infância?

R – Ah, tinham almoços que aconteciam em casa. Acho que teve uma vez que teve a Páscoa, que a gente passou com os primos aqui, vieram os primos para cá, foi muito bom. Viagens também, que às vezes fazia com os primos maternos. Os primos paternos era mais difícil, porque sempre viveram uma situação bem complicada, bem difícil, que meu tio Gilberto era concursado, depois ele saiu, meio que desistiu, aí depois ele não conseguiu mais entrar como concursado, então ainda trabalhava num servicinho que não ganhava muito, mil e pouquinho, então era bem difícil. Mas ainda assim fizemos algumas coisas juntos. Participava dos meus aniversários no shopping, teve um aniversário meu que foi no shopping, teve um do meu irmão também, que foi. Foi bem bacana.

P/1 – Me conta, você tem irmãos?

R – Tenho um irmão.

P/1 – Mais novo?

R – Mais novo. A diferença é de quatro pra cinco anos, mais ou menos.

P/1 – E como é a relação de vocês?

R – Ah, é boa. A gente conversa bastante. Eu estava, há um tempo, depois do trabalho eu jogava com ele, conseguia entrar no jogo. Agora eu não estou mais entrando, porque acabou ficando com algumas tarefas, então eu estou ficando mais cansado, então aproveitei que acabou... que era um jogo que eu pagava, então acabou o mês, tinha um mês só e aí acabou, aí eu não renovei, eu falei: “Eu não vou renovar”, porque já percebi que naquele mês eu já não consegui estar tão frequente lá, então aí eu dei uma parada.

P/1 – E você lembra quando você descobriu que você ia ‘ganhar’ um irmão? Como foi esse momento para você?

R – Lembro sim. Eu sempre pedia pra minha mãe, quando eu era pequenininho, direto pedia pra ela. Aí em 1999 ela descobriu que estava grávida. Não, 1999 não. 1998. São nove meses. Nasceu em janeiro de 1999.

P/1 – Então você gostou quando recebeu a notícia?

R – Sim, eu fiquei superfeliz, porque eu sempre via nos desenhos as criancinhas com irmão e tudo, e eu não tinha, eu era, até aquele momento, filho único, depois que veio o irmão. Aí fiquei superfeliz.
P/1 – E você lembra da casa onde você passou sua infância?

R – Sim, são duas casas. Tem essa daqui, que eu moro atualmente, que a gente está morando desde acho que 2008, ou 2009 que a gente mudou pra cá e a minha casa, a primeira que eu morei, ainda é perto aqui do bairro, então a gente só mudou umas casas pra baixo, de uma casa pra uma outra casa, um pouco mais embaixo.

P/1 - E quais eram as suas brincadeiras favoritas na infância?

R – A gente costumava, eu e meu irmão, por exemplo, passamos bastante tempo da infância na rua, a gente jogava bola com os colegas aqui, tenho amigos de família que são muitos amigos da minha mãe, então conheço todos os tios daqui do pessoal da rua, a gente jogava bola, empinava pipa, ficava tudo junto, a molecada. Hoje em dia é mais difícil. Eu vejo a rua aqui (risos) dá até tristeza. Não tem mais criança brincando de esconde-esconde, pega-pega. Era tudo aqui, na rua. Era bem cheio. Também tinha bastante gente com filho, agora tem menos filho na idade de brincar na rua também e a maioria, agora, tudo no celular, no computador, então é mais difícil de ver, mesmo.

P/1 – E vocês tinham costume de ouvir música, assistiam TV?

R – Sim.

P/1 – O que vocês gostavam de ver e ouvir?

R – Eu gostava de assistir na TV, a gente sempre assistiu desenhos, séries eu também gostava bastante, filmes sempre gostei. E de música eu gosto de rock, mas minha mãe ‘curte’ MPB, tudo, então acabei pegando esse gosto também, de curtir diversos... ela conhece muita música, então acabei que ela tocava no rádio, então a gente acabou conhecendo, então a gente conhecia MPB, samba às vezes ela colocava, um forrozinho também.

P/1 – E o que você mais gostava de fazer quando você era pequeno?

R – Eu gostava de ‘ficar’ na TV, assistindo os desenhos que passava, filmes. Sempre gostei muito disso. Filmes, séries.

P/1 – Tem algum filme ou alguma série que você lembre muito?

R – Sobrenatural, que eu assisti por bastante tempo. De 2005 até depois, de 2006 pra frente. Eu comecei a assistir atrasado. O pessoal já estava assistindo e eu peguei e comecei a assistir ‘no caminho’.

P/1 – E Vitor, nessa época você pensava o que você queria ser quando crescesse?

R – Sim, sempre pensei. Na época de escola sempre pensei. Eu gostava muito de História, na época da escola, então quando terminei, até antes de terminar o ensino médio, tinha um professor muito bom de História na escola, então eu queria trabalhar com pesquisa na área de História, mas por fim acabou que eu tentei alguns anos passar na prova, pra fazer História, mas não deu certo. E aí passei num curso técnico, em um Instituto Federal, aí comecei a fazer um Técnico de Informática e aí mudei totalmente, me apaixonei pela área de TI e para pesquisa em História ia ser muito difícil eu conseguir alguma coisa, porque eu não queria trabalhar como professor, como professora eu já tenho uma tia que trabalha, que é professora e eu vejo que ela sofria muito. Então professor eu não queria.

P/1 – E onde que você estudou?

R – Eu estudei aqui em Mairiporã, num colégio, até o finzinho do prezinho, do antigo pré e depois fui pra Franco da Rocha, estudar no IMEC, Instituto Messiânico de Educação e Cultura. Lá eu fiz até o ensino médio, fui até o final.

P/1 – E qual a primeira lembrança que você tem da escola? Lembrança marcante.

R – Ah, marcante, acho que festinhas que teve. Teve uma festinha, duas festinhas minhas que foram na escola. Pedia pra minha mãe fazer a festinha na escola. Meu irmão também pedia. É que meu irmão, como nasceu em janeiro, então a festa de aniversário dele é sempre em janeiro, aí era sempre difícil de juntar todo mundo, mas teve também aniversários deles que aconteceram antes, em dezembro, pra conseguir pegar o pessoal ainda estudando lá na escola.

P/1 – E quais foram as pessoas mais marcantes da sua vida escolar? Pensando em professores, amizades...

R – Eu tinha um colega, o Rodrigo, que fez do primeiro... do segundo do pré, até o terceiro ano do ensino médio, então a gente era bem amigo e tinha o Marcos Guilherme, que depois entrou acho que no sétimo, oitavo e nono. Era um menino que era difícil dele ter amizade com o pessoal, porque ele era um pouco diferente, ele sempre dormia nas aulas e era um menino complicado, mas eu era sempre amigo dele. Então acabava que teve uma época que a gente jogou futebol lá, jogamos um pouquinho society lá, marcava com o pessoal, de sábado e eu dormia na casa dele, acabava dormindo na casa dele. Aí ele era super amigão. Tanto que esses dias minha mãe perguntou dele, onde ele estava. Fazia tempo que eu não falava com ele, desde a época que eu saí da escola e depois não voltei, não retornei com essas amizades. Só o Rodrigo que eu tinha contato, mesmo. Tenho o celular dele, às vezes mando mensagem. Geralmente... acabou que o pessoal do ensino médio se desfez toda a turminha. Eram doze, só. Acabou que não pegaram muito vínculo.

P/1 – E as matérias favoritas? Você comentou de História. Por que você gostava? O que te interessava em História?

R – Ah, eu gostava bastante da época da Grécia, Roma, épocas mais antigas. Idade Média também eu era muito aficionado. Eu jogava… jogo um jogo de RPG e tem toda essa parte de mitologia, tudo. Então eu adorava essa parte. Já de História do Brasil eu não gostava muito. Quando entrava História do Brasil ou dos outros países, guerra, essas coisas, eu não era muito…

P/1 – E como você ia pra escola?

R – Meu pai trabalhava em Franco. A Sabesp… teve uma época que ele mudou pra Franco, porque antes ele trabalhava em São Paulo, na Sabesp de São Paulo, de Santana e ele conseguiu transferência pra Franco da Rocha. E minha mãe já trabalhava em Franco, num laboratório, então eu ia, sempre fui de carona com a minha mãe. Depois meu pai mudou pra trabalhar na Sabesp de Franco, aí ia com ele, todo mundo junto, no carro. Meu irmão também estudou nessa escola, até o nono, ele conseguiu passar na Etec. Eu, na época, fiz a prova, mas não passei.

P/1 – E como era esse momento todo mundo junto, no carro?
R – Ah, era bacana, legal, bem legal. Meu irmão, desde essa época, sempre dormiu no meu colo, então (risos) ele já meio que se arrumava no dia anterior, já dormia arrumado para acordar e ir dormindo, direto. Aí depois teve uma época que a gente foi de perua, foi mais pra frente, quando acho que meu pai tinha alguma obrigação e não podia levar. Não sei. Meu pai e minha mãe.

P/1 – E pensando em toda sua experiência escolar, como foi pra você? Foi um período gostoso, agradável? Como foi?

R – Ah, foi um período agradável. Sempre tive... minha mãe percebeu cedo que eu tinha um pouco de déficit de atenção, meu pai também, então eles sempre foram atentos com essa parte. Eu tinha um pouco de dificuldade para copiar, então as professoras sempre mandavam, acabavam mandando bilhetinho, aí fazia as atividades junto com meu pai, sempre foi assim, as atividades foram junto com ele, ou quando era Biologia minha mãe ajudava e já com meu irmão foi totalmente diferente, meu irmão entrou na escola e as professoras perceberam que eu tinha alguma dificuldade mesmo, que era diferente, que um irmão… eu era mais introvertido e tinha essa dificuldade e já ele não, sempre conseguiu, terminava antes, pra dormir, pra aproveitar os horários vagos.

P/1 – E como era isso? As professoras conversavam com você, seus pais também? Você foi percebendo essa diferença em relação a ser um pouco mais...

R – Sim, sempre... desculpa.

P/1 – Diga. Desculpa eu.





R – Sim, sempre foi conversado com a minha mãe e comigo essa situação, então algumas professoras perceberam, aí pedia pra levar, fiz acompanhamento com o pessoal, uma época, com uma psicóloga. Sempre foi trabalhada essa questão. Aí mais tarde eu descobri, agora, já, perto de... quando eu entrei no primeiro trabalho... antes de entrar no Burger King, a gente foi passar com um psicólogo lá, aqui numa cidade perto e daí eu descobri que eu tinha um pouco de autismo leve, a Síndrome de Asperger. Aí descobri que não era só uma questão de déficit, acho que isso já era de antes. Já era Síndrome de Asperger, que na época não conseguiram identificar direito, passando por psicólogos.

P/1 – E, Vitor, como foi a formação... o encerramento da escola, esse período de formatura?

R – Foi bacana. Gostei bastante. Eu só tive formatura de quarta série, as outras o pessoal… a turminha não topou, na verdade. Esse meu amigo Rodrigo fez acho que do nono, a formatura, ele combinou lá com a galera e acabou que... não sei, ele conseguiu convencer todo mundo de não fazer a formatura. (risos), porque eles queriam fazer uma viagem e tudo e por fim não teve a viagem e depois teve uma festinha lá na casa de uma das amigas lá, que alugou um lugar lá, um espaço para gente passar com os professores. Foi bacana.

P/1 – E o período de juventude, como foi? Mudou muito a sua vida? Você começou a sair sozinho, ou não? Como que foi?

R – Mudou um pouco, é, a gente... eu sempre gostei de filme, essas coisas, então às vezes ia pra São Paulo, assistir filme lá em São Paulo. Como o ônibus de Mairiporã direto passa, chega no Tietê, então é próximo do Shopping D, então às vezes eu ia pro Shopping D assistir um filme e voltava, no período da tarde.
P/1 – E aí, como foi? Você decidiu fazer um curso, a especialização, ou você logo foi trabalhar, ou você ficou um período em casa? Como foi depois da escola?

R – Esqueci de uma coisa: na juventude a gente participava do grupo da igreja, do grupo de Schoenstatt, eu estou com a blusa aqui, de lá, a gente ganhou lá, pelo grupo de Schoenstatt, que era Jumas, Juventude Masculina, a gente participava, participou desde os sete anos, tinha essa questão de acampamento, então a gente participou desde pequenininho. Crescemos literalmente no Jumas. Aprendemos essa questão de autoeducação, foi tudo aprendido lá, nos grupos de igreja. Muito bacana, adorava participar.

P/1 – Você tem alguma recordação de alguma história marcante dessa época?

R – Tenho sim. Teve um acampamento que estavam os vizinhos aqui da rua, dois vizinhos, os pais sempre participavam do grupo de ligas, Liga das Mães, que é o grupo que tem acima, então sempre foi incentivado pra eles participarem. Aí eles me convidaram aos sete anos, e meu irmão ia de penetra, pequenininho, quatro anos, já ia junto. Aí teve um acampamento que teve no Jaraguá, em São Paulo, que era no santuário do Jaraguá lá e ele foi, aí teve a prova de fogo, depois, à noite e meus amigos... que era uma prova assim: a gente andava sem lanterna, descia lá no lugar e passava pro pessoal, aí tinha tipo uma provinha. A gente recebia um material nas reuniões, estudava o material e depois lá eram feitas perguntas. Aí meus colegas, um dos colegas… que eles costumavam assustar a galera, era superbacana.

P/1 – Quanto tempo vocês ficavam acampando?

R – Geralmente era um fim de semana. Começava na sexta-feira e terminava no domingo, naquele mesmo domingo, com uma missa no final, de encerramento. Às vezes tinha conquista de camiseta, lenço e outras coisas que tinha lá, no grupo da igreja. Era superbacana. E depois tiveram as missões também, que a gente participou, em outras cidades, foi bacana missionar, pra tentar trazer o pessoal de volta pra igreja, tentar unir a comunidade e sempre em contato com as outras cidades aqui, que tinha o Juventude Masculina. Então sempre criei bastante amizade, tanto no Jaraguá, quanto Atibaia, que é uma cidade bem próxima, Caieiras também tinha o pessoal que participava, de lá.

P/1 – Isso até quantos anos?

R – Isso foi até acho que dois anos atrás eu ainda participava, fazia parte, ajudando lá a galera. Depois a gente fez a Aliança de Amor, agora não lembro o ano direito, será que foi em 2013, ou 2014? Acho que foi em 2013. Foi um ano antes da Copa. É, a gente fez Aliança de Amor um ano antes da Copa, em 2013 e daí a gente, depois, o pessoal mais velho, que formou a gente pra fazer a Aliança de Amor acabou saindo, um saiu, o outro casou, aí o filho do irmão desse um dos que saíram virou líder de Mairiporã. Aí depois eu comecei a ajudar como vice-líder, na época que meu irmão parou de participar eu era o vice-líder de Mairiporã, então sempre ajudava, no apoio, quando ele não podia ir nos encontros, que tinha que estar o líder, eu sempre estive na prontificação de estar ali ajudando, cuidando de grupos de crianças menores, formei um grupo que hoje são eles que estão na liderança, são os dois meninos que eu dei reunião por bastante tempo.

P/1 – E como foi esse período de sair da escola, como foi ‘desenrolando’ sua vida? Você estava fazendo essas atividades e você logo começou a trabalhar também, ou você foi fazer o Técnico? Como foi?

R – Então, eu terminei a escola, aí eu prestei algumas provas, prestava todo ano Enem, USP, Unicamp, pra tentar passar em História, mas aí não deu certo, fiquei acho que dois anos ou três, não lembro, tentando e... espera aí: 2016, dois anos e meio de 2016 daria 2013, né, ou não?

P/1 – Sim.

R – Aí na metade de 2013 eu passei no curso técnico, aí fui fazer o técnico lá em Guarulhos, no Instituto Federal de São Paulo, de Guarulhos. Eu tinha prestado a prova e até achei que não tinha dado certo, meu pai me inscreveu, ele falou na hora: “Você tem que entrar”, aí fiz a prova lá, até achei que não tinha passado. Na primeira chamada não chamou, na segunda chamada não chamou, aí o pessoal desistiu na segunda, aí na terceira chamada chamou, porque eu não tinha tirado uma nota tão boa para ficar entre a primeira e a segunda, tirei uma nota com dificuldade…

P/1 – E como foi ser chamado?

R – Ah, foi muito bacana. Eu tinha dificuldade em algumas matérias e a prova era geral: Matemática, Português, conhecimentos gerais. Aí em Matemática eu tinha bastante dificuldade, então foi onde eu tive tempo pra fazer as outras questões, mas pra Matemática faltou tempo, aí meio que algumas eu fiz, algumas eu fiquei e ‘chutei’ e deu certo. Foi muito bom ter passado, gostei bastante. E aí por dois anos e meio eu fiz esse curso. Era de um ano e meio, mas eu terminei em dois e meio, porque tiveram algumas matérias que a gente teve dificuldade, a turma, mas foi muito legal, tenho ainda telefone de alguns colegas que participaram de lá. Depois eu acabei saindo de uma turma e entrando em outra e então eu fiz várias amizades nessa outra turma, tanto que nessa outra turma tinha um amigo meu que está na IBM hoje, superfeliz, que ele era deficiente auditivo, tinha bastante dificuldade de entender as matérias, então eu sempre conversei e o ajudei. Quando teve projetos lá, o meu último projeto foi feito com ele. Natan. Último projeto de TCC ele estava junto, no grupo. Tanto que até hoje ele posta, às vezes, no Facebook: “Obrigado a todos”, na questão do projeto. Há uns anos ele estava postando lá, do projetinho que a gente fez lá, postou a foto com o pessoal agradecendo o Instituto Federal de São Paulo. Ele estava fazendo faculdade lá, não sei se já terminou, de Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Ele terminou o técnico, conseguiu passar na faculdade e aí já emendou o curso.

P/1 – E qual foi o tema do TCC de vocês?

R – Foi... era tipo uma empresa. A gente tinha que... lá era Técnico de Informática, então a gente aprendeu tudo, desde o projetinho com a parte de programação, até infraestrutura e todo o resto. Então era tipo uma elaboração de empresa, a Tech Systems, foi o nome que a gente deu, na época. Aí foi feito todo o projeto de infraestrutura, de estruturar como ia ficar os computadores dentro do lugar, que era tipo uma escola, como ia ficar a questão dos computadores, que cabos a gente ia utilizar, para questão de cabos. Aí fizemos um site também, com a galerinha, o pessoal fez o site e eu fiquei responsável pela parte de banco de dados, que era a única matéria que eu tinha domínio de programação era banco de dados. O resto eu falei: “Nesse aqui eu não... estou por fora, vocês fazem (risos). O que eu posso ajudar é nisso aqui”. Isso aqui eu ajudei.

P/1 – E nesses dois anos e meio, o que mudou na sua vida? Teve alguma coisa que transformou assim?

R – Ah, foi muito bacana. Em 2011 meu vô já tinha falecido, antes de 2011, o materno. Aí depois eu consegui, na metade de 2016, passar direto na Fatec de Indaiatuba, uma outra cidade, duas horas daqui de Mairiporã e aí eu fui fazer faculdade lá. Lembro que, na época, meu pai ficou muito feliz, que ele estava, nessa questão, ansioso da gente não conseguir, às vezes, passar na prova, ele achava que faltava alguma dedicação minha na questão do estudo e tudo, de estudar mais, se dedicar mais, pra conseguir passar nas provas. Mas foi muito bacana, gostei. Aí quando eu passei na faculdade, ele ficou superfeliz, comentou com o pessoal, foi me levar na casa, que a gente alugou uma casa de aluguel, ele foi me levar na cidade pra fazer a prova, aí a gente almoçou, no caminho a gente rezou um terço, antes de eu fazer a prova (risos). Acho que foi isso, já estava meio que predestinado, aí consegui passar na prova, ele foi me levar na casa, vimos algumas repúblicas, visitamos alguns lugares lá, casa o aluguel era muito caro, na época, aí fomos vendo, fomos vendo, até que achamos uma república, aí morei por um tempo nessa república.

P/1 – E como foi essa experiência?

R – Ah, foi bacana, mas na questão de... aí percebi toda a questão de limpeza, tudo isso, lavar louça, porque sempre ficava, o pessoal lá era meio ‘porquinho’, não era muito conservador, então o banheiro sempre muito… às vezes, um pouco sujo, que o moço ia uma vez por semana, não estava muito frequente, às vezes a moça faltava também, não ia limpar, então ficava complicado. E na questão das panelas lá acabavam ficando na pia, então como eles só vinham... tinha gente, uns em casa que se importavam com essa questão, acabavam lavando as panelas do pessoal, depois acabei até lavando também. Aí meu irmão veio, prestou também, quando ele terminou também, pra Fatec e passou também e aí foi morar comigo lá, moramos um tempo juntos.

P/1 – E foi bom voltar a morar com o irmão?

R – Nossa, foi demais! Foi muito bom, porque eu sentia falta, que acabava chegando só de sábado e domingo, sexta-feira vinha de ônibus. Como era longe, então ficava um pouco complicado de vir de ônibus, mas gostei bastante.

P/1 – E como foi esse período da faculdade, pra você? Foi um momento interessante, passou dificuldades, muitas transformações, como foi?

R – Ah, foi tranquilo, porque nessa época já estava mais acostumado com essa questão, já tinha feito um curso técnico, então já tinha alguma certa expertise em algumas áreas, então consegui ‘me virar’ bem em algumas matérias. Essa questão da dificuldade que eu tinha pra copiar acabou diminuindo, porque às vezes era só power point, essas coisas, então anotava... tanto que meu amigo até brincava comigo, que eu não anotava as coisas no caderno e mesmo assim ia bem na prova, ele falava: “Como isso? Eu anoto, anoto no caderno”, que daí ele era mais velho, tinha quase trinta e ele anotava, anotava no caderno, mas acabava que não ia muito bem nas provas da faculdade. Mas é que eu anotava de outra forma, no word ou usando os aplicativos que tinha mesmo no computador e acabava estudando. E prestava bastante atenção nas aulas. Sempre fui de prestar bastante atenção, então acabava que ia bem nas provas por conta dessa atenção no que os professores falavam e de tentar entender o que eles estavam falando.

P/1 – E você chegou a fazer algum estágio?

R – Então, por lá eu não fiz estágio. O estágio que eu fiz foi de... eu terminei a faculdade, ajudei os colegas nas matérias e quando eu voltei para Mairiporã, eu tinha um amigo que tinha um escritório de contabilidade aqui e a gente, pra essa questão do estágio, foi assinado, eu combinei com ele e ele assinou meu estágio. Então não tive essa experiência de estágio. Mas depois eu fui trabalhar no Burger King, por um tempo, aí eu tive toda essa questão de estágio, o convívio com as pessoas. Era um pouco complicado lá, porque eu sempre fui de muito... aprendi na vida, na faculdade, que a gente tinha que ser proativo, toda essa questão e lá eu era muito proativo, então às vezes o pessoal acabava explorando um pouco, por conta de você estar sempre: “Não, posso fazer”. Aí, nessa questão, acabei sendo um pouco explorado e não durei muito tempo também, percebi que o pessoal estava meio que ‘montando em cima’, aí um mês e pouco eu saí de lá, do Burger King. Aí deu certo na Centauro, trabalhei por um tempo, que era... como chama quando não... quando é só por sazonalidade? Era tipo temporário, lá. Trabalhei por temporário, lá na Centauro, não deu um mês, deu quinze dias, eles demitiram todo mundo de Mairiporã. Eu vi, o pessoal saía acho que quatro e pouco, quatro e meia, quatro e cinquenta passava o ônibus aqui embaixo, eu pegava o ônibus e ia para _______, que é uma hora e pouco daqui. Aí trabalhei lá por esses quinze dias. Aí conheci o pessoal de Mairiporã, algumas pessoas que foram fazer a entrevista lá e tinha bastante gente com bastante dificuldade na família, na questão de dinheiro. Nessa questão pelo menos minha mãe e meu pai ainda conseguiam dar um suporte. Então, nessa questão, a gente não tinha tanto problema, tanto que foi até influenciado para eu e meu irmão sempre estudarmos, fazermos faculdade, terminarmos todos os anos da escola, da faculdade. A gente nunca teve essa ‘pressão’: “Começa logo a trabalhar”, alguma coisa assim, sempre entenderam. Claro que meu pai queria que, junto com o técnico, eu conseguisse algum emprego, algum estágio, alguma coisa, mas eu foquei em estudar, terminar as matérias. Para mim o mais importante era ir bem lá na faculdade, pra terminar o mais rápido possível.

P/1 – Você lembra como foi seu primeiro dia de trabalho, como você se sentiu?

R – Hum hum, lembro. Na questão, eu fui lá para fazer entrevista, no Burger King, levei o currículo, tudo, aí eu fiquei um pouco esperando, até umas duas, deu bastante tempo que o pessoal me deixou esperando, aí fiz a entrevista lá com a moça e acho que no mesmo dia eu já comecei a fazer algumas coisas lá, aí fomos trabalhando, ele me mostrou só a questão da limpeza, na época, no começo. Do pessoal que era meu superior eu não tenho nenhuma reclamação, achei que era bem atencioso nessa questão de como pedir e tudo, mas eu via que o pessoal acabava explorando, uns ali que acabavam ‘montando em cima’ e aproveitando da boa vontade da gente. E tinha um pessoal muito simples lá também, essa questão tipo não tinha perspectiva de melhora nenhuma, para eles estarem ganhando aquele salário de mil e pouquinho era o suficiente para sobreviverem.

P/1 – E como foi essa questão de convívio? Você fez amigos, colegas? Tinha tempo de ‘bater um papo’, sair, ou não, era só correria?

R – Ah, fiz alguns colegas lá, na época, mas era muita correria, mesmo. Tanto que tinha um menino que eu fiz amizade, que morou em Mairiporã [por] um tempo, aí eu descobri que ele morou na cidade, aqui. Depois até falei que ia passar algumas coisas pra ele, mas acabei não passando: programação, que ele estava estudando pra fazer uns cursos na questão de programação, porque eu sempre quis trabalhar na minha área, nunca quis trabalhar em outra área. Achava tipo: “Que desperdício! Estudei quatro anos e pouco e estou aqui, trabalhando no Burger King! Podia estar almejando voos mais altos”. Sempre foi dito no estudo, os professores sempre diziam pra gente almejar coisas melhores e por fim consegui, depois, na Ernst & Young, depois de passar por quatro entrevistas (risos). Mas muito feliz!

P/1 – Vitor, você comentou que recebeu o diagnóstico de TEA um pouco antes de entrar no Burger King, é isso?

R – Hum hum. Isso.

P/1 – Como foi esse momento para você? O que mudou na sua vida?

R – Ah, eu tinha um pouco de receio, eu fiquei um pouco preocupado, aí conversei com a minha mãe, nessa questão de discriminação, o pessoal tem uma certa... mas ela falou que não, na realidade que eu estou laudado, por isso que eu estou laudado, essa questão também, para eu não me preocupar com isso, que as pessoas iam me tratar diferente, mas é um diferente bom, não para baixo.

P/1 – E como foi esse período de ir atrás, o que te levou a buscar a entender melhor? Como foi?

R – Ah, eu dei uma pesquisada, conversei com ela, ela sempre foi ‘antenada’ e assistiu até a série lá, pra entender o pessoal com autismo, só que eram graus mais altos. Não sei se você já viu o espectro autismo, alguma coisa na Netflix que tem, que explica um pouco, mas eram pessoas com um grau muito mais alto que o meu. Eram muito diferentes as dificuldades. Mas ela acabou me explicando algumas coisas. Eu mesmo não pesquisei, ainda tenho receio na questão de pesquisa, de ler. Sei que tem que ler pra entender o que eu sou, o que eu posso mudar, essa questão de entender um pouco mais sobre a minha deficiência.

P/1 – Por que você tem receio?

R – Ah, eu acho que eu teria que ler, mesmo, pra entender. É que até agora não me foi exigido isso, mas eu acho que seria muito produtivo pra mim, muito eficiente que eu melhorasse um pouquinho, pesquisasse um pouquinho, até pra me entender, me compreender.

P/1 – E aí você, então, entrou na Ernst & Young, mas antes da Ernst & Young você já tinha enfrentado algum tipo de preconceito, ou discriminação?

R – Ah, lá na questão teve um dia, trabalhando no Burger King, que a moça me empurrou, a questão de eu estar um pouco mais devagar lá, que eles me colocaram na parte da frente, antes eu ficava só na parte da fritura, então eu estava entendendo todo esse tempo como funcionava, então eu sabia já me organizar e me passaram pra frente, a questão de atender a entrega de lanches, colocar no saquinho, então tinha que ser mais rápido e aí a moça acho que ficou – uma gordinha lá – meio que irritada com a minha demora e acabou empurrando. Aí minha mãe até ficou muito nervosa. Contei pra ela, ficou muito nervosa. Aí depois de um tempo acabei vendo que o pessoal estava se aproveitando muito de mim. Na questão de limpeza, era só eu que fazia. Toda vez eles vinham pedir pra mim. O gerente pedia, a supervisora pedia para eles e eles vinham e pediam pra mim. Então o banheiro lá em cima era péssimo, nojento, (risos) horrível. E era a gente que fazia a limpeza. Chegava de manhã, sempre cheguei no horário certinho e era a gente que fazia a limpeza, eram os funcionários mais novos que eles colocavam pra sofrer com essa questão da limpeza, de mexer com algumas máquinas lá de fritura, broiler, que faz o hambúrguer ou a fritura de batata etc.

P/1 – E como você ficou sabendo do trabalho da Ernst & Young?

R – Minha mãe pesquisou. Eu estava já atrás, há bastante tempo. Quando eu entrei na Centauro já fui procurando algumas coisas, estava me inscrevendo por vagas no LinkedIn, Infojobs, nos outros sites. Aí minha mãe comprou uma casa na praia, teve contato com umas meninas que trabalhavam home office lá na praia de Caraguatatuba, daí elas sempre me passavam vagas. Um dos dias minha mãe estava assistindo a Globo lá e anunciou que empresas de fora estavam contratando e aí ela me passou os links e eu me inscrevi e acabou que me chamaram, eu fiz uma entrevista, fiz a segunda, achei que não tinha dado certo, porque demorou um tempão pra eles marcarem o retorno pra frente, que era o pessoal da equipe de TI, achei que não tinha dado certo, mas daí, quando eles voltaram a falar comigo, eu até fiquei mais feliz, me deu um ânimo a mais. Superfeliz agora, trabalhando na área, muito bom.

P/1 – Era isso que eu queria saber: como foi começar a trabalhar nessa área?

R – Ah, foi fantástico! Muito bom. Eu já tinha alguns conhecimentos na área, principalmente na questão de infraestrutura. Eu falei pra ele que queria alguma coisa na área de preparar os programadores, ou para as outras pessoas que vão trabalhar nos outros sistemas, eu queria um trabalho nessa questão de infraestrutura. Aí eles falaram que para a questão de infraestrutura eles não mexiam, mas tinha a questão de cloud, que era a parte tipo de requisição de ambientes, essas coisas. Seria meio que essa área mesmo de infraestrutura, só que em cloud, um pouco diferente. Antes disso, de começar na Ernst & Young, eu tinha feito uma semana de um curso no YouTube, um cursinho da WS, do Cloud Treinamentos, sempre acompanhei canais de tecnologia, essas coisas, então aí acabei vendo que o pessoal estava anunciando esse cursinho de graça, aí fiz esse curso, aprendi um pouco do que era cloud, o que era nuvem, então aí eu consegui conversar um pouco quando teve a entrevista com o pessoal da área de TI mesmo. Eu consegui conversar, tentar explicar algumas coisas. Então eles perceberam que eu entendia, acho que eles ficaram bastante felizes com o que eu sabia, com o que eu já...

P/1 – E como funciona o seu trabalho, é virtual? Teve, em algum momento, presencial?

R – É virtual. Home office. Estamos no sistema home office, ainda. Abriu escritório lá, mas agora está como home office parcial, só se tiver uma coisa muito importante, mesmo, pra ir no escritório, se não dá para fazer o trabalho de casa. Essa questão, como é muito fácil eles trabalharem com nuvem, então para a gente é fácil, é só abrir chamado, solicitação e tal, é supertranquilo, qualquer lugar que tiver uma internet eu consigo trabalhar (risos).

P/1 – E justamente por ser virtual, você conseguiu conhecer outras pessoas? Como é a relação com os colegas de trabalho?

R – Ah, muito boa. Achei que eles ficaram bastante felizes na questão de ter alguém para ajudar, no apoio. Eles ainda estão me ensinando algumas coisas, já aprendi bastante coisas, mas ainda estou em processo de aprendizagem, mas já consigo executar algumas tarefas sozinho. Às vezes eles pedem algumas tasks e sou eu que faço. Eu já fiz algumas sozinho, só tirar alguma dúvida ou outra com o pessoal que me acompanha, tanto o Renan, quanto o Seba, que são os que mais eu tenho contato lá dentro, mas tem o pessoal dos outros times, que a gente tem contato também. Lá é dividido por times, trabalhamos com times. Tem o time de cloud, o time de desenvolvimento e diversos outros times.

P/1 – E pensando no seu trabalho, quais são os maiores desafios que você enfrenta?

R – Ah, eu achei assim, até agora não enfrentei grandes desafios. Acabei tendo algumas dificuldades em alguns dos pedidos, mas foi pela questão de um dos dois às vezes não terem tempo na agenda, pra explicar. Até pediu desculpas, depois ele entrou numa reunião comigo, naquela semana, de não ter… ou naquele dia. É, naquele dia de não ter conseguido explicar a tarefa para mim, o que eu tinha que fazer, mas só nessa questão, de resto foi muito tranquilo. Estou estudando uma certificação do Azure AZ 900, eu já sabia que tinha isso daí, da questão do Microsoft, aí acabei conversando para ver se eles conseguiam voucher, alguma coisa, pra poder fazer a prova e estou estudando o material agora.

P/1 – E os maiores aprendizados no trabalho?

R – Acho que foi nessa questão de pedido, de entender um pouquinho melhor o que foi passado na faculdade, que na faculdade a gente aprende, mas bem raso, muito raso, às vezes falta um pouco mais de aprofundamento e lá eles ensinam mesmo, na prática. Você vê a questão toda acontecendo. Fiquei feliz na questão do DNS, que entendi um pouquinho melhor o que é o DNS. É a questão que transforma o IP pra o URL. Aí aprendi bastante coisa lá: DNS, AP Registration, umas coisas que eles trabalham lá, que é tipo uma autenticação dentro da página de URL. Acabei aprendendo bastante coisa na questão de infraestrutura ambiente também, a montar um ambiente lá em ______. A gente faz o pedido pro global e o global executa e depois a gente tem que validar se está tudo que a gente pediu lá, configurado da maneira que a gente pediu. Senão a gente tem que retornar pro global uma mensagem, um e-mail de preferência em inglês, o pessoal é tudo de fora, mas foi muito bacana.

P/1 – E, Vitor, para você, é preciso ter alguma especificidade no local de trabalho para receber mais pessoas com TEA, ou não?

R – Não. Eu acho que lá está bom, tranquilo. Eles explicam de maneira... foi apresentado pra gente no primeiro dia toda essa questão, no onboarding, de não discriminar o pessoal, entender como funciona, acho que foi passado para os líderes, para as pessoas de cada time que iam estar recebendo esses novos funcionários, para essa questão de cuidado no treinamento, de saber como pedir pra cada um. Acabei muito feliz, vendo que é uma empresa que se importa bastante com essa questão de entender toda a diversidade e de saber lidar, mesmo.



P/1 – Qual é importância disso, para você, de existirem empresas que pensem nessa questão de inclusão e diversidade no mercado de trabalho e esse acolhimento? Qual a importância disso para você?



R – Ah, essa questão todo mundo precisa trabalhar, todo mundo precisa ganhar um dinheirinho. A gente tem esse tipo de dificuldade, infelicidade, às vezes na questão de deficiência, ou na questão sexual, mas tem que ser bem tratada. Fico feliz que tenham empresas que se preocupem bastante. Muito feliz. E acho que é necessário todo negócio entender e saber como lidar com diferentes pessoas.

P/1 – E como é para você, como você se sente trabalhando na Ernst & Young?

R – Ah, muito bem. Eu estou bem feliz, realizado. Aprendendo, hoje estudei algumas coisas do material de certificação, depois fiz uma task com o pessoal, tipo uma tarefinha que eles pedem, estou gostando bastante.

P/1 – E pensando na sua vida de um modo geral, houve alguma transformação, alguma mudança, desde que você começou a trabalhar na empresa?

R – Ah, sim, fiquei feliz que eu percebi que alguns dos pedidos que iam pro time, que no time eram só duas pessoas, a equipe de cloud, e agora com mais eu para dar apoio, acho que ficam meio que divididas as tarefas, então acaba não sobrecarregando-os, acaba ajudando. Tanto que eles ficam até felizes. Esses dias ele pediu para mim um negócio e agradeceu pelo apoio, mandou um gifzinho do cara Good Job (risos) na sexta-feira, agradecendo por eu tê-lo ajudado aquele dia, ter disponibilidade para ajudar. Como no começo eu só estava estudando os materiais que eram obrigatórios da Ernst & Young, então sempre tinha tempo livre. Quando eles pediam alguma coisa, eu sempre tentava executar o mais rápido possível, porque sabia que eles precisavam do negócio o quanto antes, melhor.









P/1 - Quando você entrou na Ernst & Young?

R – Em janeiro. Aí tinham doze materiais para estudar, dos obrigatórios, bastante coisa (risos) além do que vem todo final... acaba os finais de ano, que lá é dividido em junho, todo junho é final de ano para eles e começa o outro ano. Aí sempre vem algum cursinho, alguma coisa nesse meio tempo, ou a cada dois, três meses sempre vem alguma coisa no Azure, que é a plataforma lá que eles usam, da URL, que ficam lá os cursinhos.

P/1 – E como é o seu dia a dia, sua rotina?

R – Ah, eu acordo, tomo banho aqui em casa, tomo café e já entro pra trabalhar, fico, vejo, estudo, às vezes tem dia que dá pra estudar, tem dia que ele vem falar comigo de manhã, aí fica mais difícil, mas eu consigo horários, porque às vezes a tarefa não dura tanto tempo, dura X tempo e eu consigo o resto desse tempo estar estudando para a certificação que eu estou querendo tirar.

P/1 – E o que você gosta de fazer nas horas de lazer?

R – Às vezes eu jogava aqui em casa, há um tempinho eu jogava, mas agora não estou mais jogando. Assisto futebol, descanso, fico em casa, vejo uma série, revejo a série de novo, que eu gosto muito da série Sobrenatural, às vezes revejo alguns episódios. Agora eu estou acompanhando o ______ também, que lançou, estou ansioso, que quarta-feira, hoje mesmo é dia de lançamento do episódio Quatro. Depois do serviço até nem vejo notificação no celular, You Tube, nada, porque acompanho os canais que o pessoal comenta e aí sempre tem, meio-dia, uma hora, na quarta-feira já tem tipo o spoiler do que aconteceu no episódio. Aí eu nem assisto, para não perder de se empolgar.

P/1 – E, Vitor, em relação a essa pandemia que a gente está atravessando, de Covid, como impactou sua vida, pensando nos aspectos pessoais, na sua rotina, como impactou?

R – Ah, foi bem difícil essa questão da pandemia. Foram dois anos ruinzinhos. Uma época bem complicada. Eu tinha começado a trabalhar lá no Burger King, ainda estava na pandemia. Acho que foi em novembro e eu fiquei até final de dezembro de 2020. Mas foi, na questão dos grupos de igreja percebi que não estavam mais reunindo, por conta da pandemia, então as reuniões acabaram sendo tudo online. Pra mim foi um pouco difícil. Eu estava acostumado com presencial, tão bom presencial, poder conversar com os meninos presencialmente mesmo, ou até participando dos encontros presencialmente. Sinto bastante falta. A gente acabou dando uma afastada, agora estamos só no apoio do pessoal, passamos a liderança para os meninos mais novos, estamos no apoio. Sinto falta de estar participando. Faz tempo, um ano, mais ou menos, que eu saí e eu sinto bastante falta das reuniões, dos encontros.

P/1 – E você tem planos e projetos profissionais futuros? Você comentou dessa certificação.

R – Sim. Tem mais duas ou três certificações que ele falou, além dessa, que eu teria que fazer. Certificação é tipo que você tem o aprendizado para executar aquela função. Tem a expertise correta para mexer na plataforma, no Azure, que é a plataforma que a gente mexe lá, que trabalha lá, na Ernst & Young, que é da Microsoft.

P/1 – E pra você, quais são as coisas mais importantes hoje?

R – Eu diria que terminar a certificação, acho que conseguir cumprir as tarefas que me são pedidas e melhorar cada vez mais. Também queria voltar à questão da reunião com as crianças, o pessoal participar do grupo da igreja. Esse é um projeto, mas aí tem que ver, porque agora a gente está na questão do apoio, mas eu ainda tenho os materiais para passar pra eles. E só pode ser passado por quem já tem a Aliança de Amor. No caso, eu e o outro líder. Então, seria a gente que teria que dar a formação para eles fazerem a Aliança de Amor.

P/1 – E como funciona essa formação?

R – Assim: é um materialzinho que é preparado pelo padre, o padre veio visitar a gente em fevereiro, acho, ou março, não sei, não lembro direito, eu acho que foi em fevereiro, aí ele veio aqui em casa, primeiro eu fui lá em Atibaia, que teve a reunião com o pessoal lá de Atibaia, aí como um dos meninos que eu dava reunião aqui em Mairiporã a mãe se mudou pra Atibaia, agora eles participam lá em Atibaia, no grupo lá. E aí a mãe dele me convidou para participar, que ela percebeu que eu estava afastado, convidou para participar da reunião com o padre, que é onde eles organizam as atividades que vai ter no ano. Eu já tinha participado várias vezes. E aí ele passa visitando todas as cidades, pra ver como está, se está tendo reunião, se não está, como está o ‘caminhar’ das reuniões. E até 2021 ainda conseguia fazer algumas reuniões, uma ou outra, com o pessoal, a turminha, mas aí, depois que virou o ano de 2022 eu acabei ficando ocupado, não consegui mais participar, mas sábado e domingo eu disse que eu estou livre para ir, quando eles quiserem, se sentirem à vontade de voltar, eu posso voltar a dar reunião pra eles. Será um prazer! (risos)

P/1 – E quais são os seus sonhos?

R – Sonhos? Ah, espero estar atingindo as expectativas que são esperadas de mim nessa questão do trabalho, estar bem no trabalho. Quero aprender, preciso tirar carta de motorista também, aprender a dirigir, para mim vai ser muito bom, e poder continuar participando do grupo da igreja, agora como na parte de apoio, mas estar continuando com os dois mundos, vivendo os dois mundos.

P/1 – Você comentou que seu pai faleceu. Você gostaria de falar sobre esse momento, quando foi?

R – Hum hum. Bom, ele faleceu aos cinquenta, foi em oito de agosto de 2016, eu tinha acabado de chegar, eu tinha chegado acho que na sexta-feira, no dia dois tinha sido aniversário dele e minha mãe foi comemorar com ele lá, foram pra São Paulo, o casal, com outros casais de amigos, que eles estavam fazendo aula de dança, então estavam superfelizes e foram comemorar a festa lá, ia ter música, coisa de dança e eles foram lá com esse casais colegas e aí ele teve um... minha mãe ia se despedindo do pessoal, que eles estavam lá na festa, depois começou a ficar tarde, ele queria... perguntou pra minha mãe se eles podiam ir, aí ela foi se despedir e ele teve um ataque no coração fulminante. A hora que ela soltou a mão, foram segundos. Ela soltou a mão para cumprimentar o casal e dar tchau, aí ele caiu e já veio todo mundo, preocupação, todo mundo ‘em cima’, aí ela ficou tentando reanimar, contou para mim que tentou reanimar. A gente, eu e meu irmão, estávamos em casa, estávamos os dois em casa, então a gente só soube da notícia no outro dia, depois que ela chegou. Aí, antes dela chegar aqui em casa, já tinha um monte de carro estacionado aqui na rua, três e pouco da madrugada, daí ela falou que foi três da madrugada que ele faleceu. Depois, quando foi amanhecendo o dia, já estava um monte de carro aqui, perto da rua de casa, que ela falou que era ela que queria dar a notícia para a gente, não era pra ninguém entrar aqui em casa, para não dar a notícia antes.

P/1 – E nesse período você estava na faculdade ainda?

R – Hum hum. Eu estava na faculdade. Tinha acabado de... não fazia muito tempo que eu estava, não, na faculdade.

P/1 – Você foi pra passar um final de semana, é isso?

R – Isso. Fui na segunda-feira e voltei, para passar o final de semana aqui em casa. Como era aniversário do meu pai, queria estar aqui para o aniversário, para mim era muito importante, a data de aniversário do pai e da mãe tinha que estar. Não tinha como.

P/1 – E como foi esse momento para você, para a sua família?

R – Ah, foi bastante difícil. A gente sentiu falta, mas agora já melhorou bastante, já passou, mas às vezes eu sinto falta, a gente sente falta, não tem como. E tudo lembra. Logo depois, oito meses depois meu vô por parte de pai faleceu, aí minha prima faleceu, depois de um tempo a Marcela foi trabalhar para São Paulo e teve um ataque também, do coração, foi fulminante também. Aí ela faleceu, naquela sexta-feira eu fui na casa da minha vó, conversei com ela, tudo, estávamos lá e na sexta-feira seguinte ela faleceu. Falamos: “Ai, meu Deus!” Ela tinha reclamado muito a questão que era a primeira netinha a Marcela, essa mais nova era a primeira netinha dela, por parte de pai, então pra ela foi um baque muito grande, ela já era mais idosinha, já tinha diabete e tudo, aí ela falou: “Nossa, fizeram um buraco muito grande, agora não sei se eu consigo”, mas sempre tentei agradar, tentei passar as conversas da forma correta, tentei animá-la.

P/1 – E, Vitor, a gente está chegando ao fim, queria te perguntar se você gostaria de acrescentar algo mais, contar alguma história, algum momento, enfim, de algum período que eu não tenha perguntado. Momento livre.

R – Não, acho que não, acho que eu falei tudo (risos).

P/1 – Você gostaria de deixar alguma mensagem pras pessoas?

R – Bom, agradecer à empresa Ernst & Young, por ter me contratado; minha mãe e meu irmão, eles estão bem agora. Minha mãe foi acompanhar minha tia, que vai fazer um procedimento hoje e meu irmão está trabalhando na IBM, vou deixar uma mensagem pra ele, que bom que ele conseguiu a IBM, está superfeliz. Já, logo que ele terminou a faculdade, como o curso era de noite, então ele conseguiu logo um emprego na parte da manhã, estou feliz por ele também, que conseguiu, está empregado, os dois empregados.

P/1 – E o que você gostaria de deixar como um legado para as próximas gerações? Pensando nos seus aprendizados, nos desafios vencidos.

R – Ah, que a gente consiga cuidar melhor do planeta Terra, que a gente vive, que acho que é uma coisa bem importante essa questão das próximas gerações, futuras, que cuidem de tudo aqui: da questão da água, que tem que ser usada com responsabilidade; a questão da energia também, porque tudo é gerado por conta da água e, assim, que consigam estudar, formar-se, trabalhar, desempenhar bem as funções devidas. Acho que é só. Que sejam muito felizes e aproveitem!

P/1 – Boa! E como foi, para você, contar um pouquinho dessa história, dividir com a gente, passar um tempinho relembrando de muitos momentos?

R – Ah, foi muito bom, bacana. Gostei bastante. Tive viagens também, com a família, que a gente fez e eu gostava bastante. Sempre quando a gente foi pequenininho, acampou em Trindade, depois acampamos em Ilha Grande. Então, sempre passeando, viajando.

P/1 – Tem alguma que foi bem marcante pra você e você queira dividir?

R – Acho que a de Ilha Grande foi a que eu mais gostei. Angra dos Reis. Meu pai, na época a gente estava trabalhando e marcamos as férias tudo junto, quinze dias acho que a gente passou lá e era sempre, tinha dois casais de amigos que sempre iam juntos e foram, acamparam em Trindade com a gente, estavam sempre juntos e aí, nessa viagem eles estavam. Chegou um casal e o outro foi só o marido, a mulher não quis ir. Foi só o marido e as crianças.

P/1 – E foi bem legal?

R – Foi.

P/1 – Que delícia! Bom, acho que chegamos ao fim. Quero te agradecer muito por dividir essa história, foi um prazer passar essa tarde com você e conhecer um pouquinho mais. Agora a entrevista vai passar por um processamento, vai fazer parte do acervo do Museu. Acho que é isso, te agradeço muito.

R – Obrigado! Estou muito feliz que tenha dado certo!